A VOCAÇÃO TERAPÊUTICA DA IGREJA


Um dos grandes desafios que temos pela frente é viver bem nesta sociedade denominada pelos estudiosos de pós-moderna. Algumas de suas características peculiares como competitividade, consumismo, utilitarismo, agressividade, perda de valores absolutos, relativização da verdade, etc., têm gerado indivíduos enfermos do ponto de vista da alma e dos relacionamentos.
Somos uma sociedade enferma. Que desaprendeu a amar, que estabeleceu a desconfiança como condição "sine qua non" na relação pessoal, que não sabe mais desenvolver relacionamentos saudáveis e profundos, que vive deprimida e angustiada, que perdeu a dimensão da comunidade e solidariedade, dando lugar a um estilo de vida egoísta, que não sabe mais construir pontes de comunicação que levem ao encontro do outro para a celebração da vida em verdade e em amor.
A igreja na sociedade pós-moderna também está enferma. Na ânsia de crescer numérica e financeiramente começou a priorizar os grandes projetos e as realizações de mega eventos, deixando de lado a importância dos relacionamentos. Tornou-se uma igreja realizadora, mas pouco relacional.
Como conseqüência, suas reuniões tornaram-se superficiais, sendo mais uma oportunidade para consumo de artigos religiosos e menos oportunidade para relacionamentos que possam curar as feridas e gerar vida em abundância.
As manifestações solidárias do Corpo de Cristo que expressavam preocupação pelo outro deram lugar à busca egoísta pelas bençãos especiais e imediatas, as quais normalmente são entendidas como bem estar emocional e prosperidade material.
De um modo geral as igrejas perderam a visão de sua vocação como comunidade terapêutica. Deixaram de desenvolver programas que priorizem e facilitem relacionamentos, que ajudam no desenvolvimento da potencialidade de seus membros, que busquem a integralidade de cada um.
É justamente sob esta preocupação que fomos motivados a escrever este trabalho. Fica evidente que  ainda a convicção de que as igrejas relevantes deste século serão aquelas que tiverem como filosofia de ministério o objetivo de se desenvolverem como comunidade terapêutica, como parte de sua missão integral. Igrejas relacionais farão a diferença nesta geração.
O propósito deste trabalho é oferecer uma reflexão sobre a vocação terapêutica da igreja, a partir da necessidade de saúde integral de todo ser humano.
Procuraremos mostrar que a desintegração a que foi submetida o ser humano a partir da queda pode ser restaurada à medida que a igreja desenvolve programas que enriqueçam os relacionamentos
Veremos que o ministério de Jesus foi um ministério de sanidade, à medida que promovia cura e salvação ao mesmo tempo, restaurando indivíduos em sua integralidade.
Finalmente, e esta talvez seja a parte mais importante deste trabalho, iremos refletir sobre o papel do pastor na transformação de uma igreja local em comunidade terapêutica. Veremos a relevância do ministério pastoral equipando a igreja para a sua missão de gerar cura para a nossa sociedade pós-moderna.
Esperamos que este trabalho de caráter essencialmente prático possa encorajar e ajudar outros a desenvolverem uma filosofia de ministério que priorize a igreja como comunidade do relacionamento.