A realidade da missão integral da Igreja


Em contrapartida ao mito da teologia de missão integral da Igreja, destaquemos dois fatores que, em nossa opinião, expressam bem a realidade dessa  missão.

[...] “A missão da Igreja é holística e diaconal, por mais óbvia que pareça esta afirmação, sabemos que a ortopraxia da missão integral não é tão óbvia como deveria ser[1] ”[...]  ( ZANDRINO,  2002. p.11).

 

Onde está, por exemplo, a consciência ecológica da Igreja?
Além disso, a Igreja como sal da terra e luz do mundo deve fazer a diferença nos vários setores da sociedade, principalmente no socorro aos menos favorecidos.
As injustiças sociais, verdadeiras afrontam. Contra a imagem e semelhança de Deus, tem solapado nosso país e a Igreja muitas vezes tem se afastado como se nada tivesse com isso. É verdade que a Igreja não é uma instituição político-partidária que deva defender qualquer bandeira política. Ela é uma instituição divina supra partidária. Por isso mesmo, tem o dever ético e moral de ser mais justa do que qualquer governo ou partido político pretenda ser. Conforme salientou a Igreja não prega uma forma de governo, mas cria uma consciência democrática, à luz dos conceitos de liberdade, de dignidade humana, de respeito ao próximo e, sobretudo, de amor a Deus e à humanidade.
Os cristãos foram postos no mundo para ser a consciência da sociedade.  A Igreja deve ser a voz do que clama no deserto a fim de fazer a diferença no mundo. Precisa deixar o monte da transfiguração (entenda-se contemplação) e descer até ao sopé onde se encontram os excluídos. Uma opção preferencial pelos pobres? E por que não? O evangelho é para todos, porém, somente o pobre precisa ser atendido também em suas necessidades básicas prioritárias, por causa da má distribuição de renda de nosso país, como resultado de uma política social opressora.
Quando se coloca o pobre e o rico lado a lado, em se tratando de benefícios a serem recebidos, os primeiros sempre saem perdendo. É preciso sim que os pobres desse mundo recebam um tratamento preferencial porque foi assim que Deus os tratou na Bíblia, como veremos mais adiante. Orlando Costas via nesta dimensão diaconal ou encarnacional da Igreja à intensidade de serviço que a igreja presta ao mundo, como prova concreta do amor de Deus.


[...] “Esta dimensão envolve o impacto que o ministério reconciliador da igreja exerce sobre o mundo, o seu grau de participação na vida, conflitos, temores e esperanças da sociedade e a medida em que seu serviço ajuda a aliviar a dor humana e a transformar as condições sociais que têm condenado milhões de homens, mulheres e crianças à pobreza. Sem esta dimensão a igreja perde sua autenticidade e credibilidade, pois somente na medida em que conseguir dar visibilidade e concreticidade à sua vocação de amor e serviço ela pode esperar ser ouvida e respeitada[2] ”. [...] (COSTAS, 1994, p. 113).



[1] ZANDRINO, Dr. Ricardo. Curar também é tarefa da igreja. São Paulo: Nascente, 2002


[2] COSTAS, Orlando, Missões e a igreja brasileira: A vocação missionária Ed, Mundo Cristão, 1994