Behaviorismo e a Psicanálise à Educação


Ambas as teorias, do behaviorismo e da psicanálise enfocam a importância do bem-estar da individualidade, o prazer e a felicidade. As duas concordam que a educação deve ser democrática. O behaviorismo também é apresentado na área educacional como sendo uma das abordagens mais antigas. Na Sociedade do conhecimento e paradigma educacional. Num tempo em que na escola caminham e agem, sub-repticiamente, interesses obscuros e subtis sempre sob a capa de cientificidade, objetividade e neutralidade. As relações entre educação e psicanálise no contexto das novas formas de subjetivação. Levando em consideração as transformações por que têm passado ambos os campos em suas teorias e em suas práticas, propõe uma interseção entre eles, que se daria no espaço escolar, contribuindo para a existência de sujeitos mais criativos.
Os estímulos a que o homem contemporâneo estará sujeito ao longo da sua vida, devido ao impagável progresso da tecnologia, que é cada vez mais veloz, são em boa medida imprevisíveis. A educação escolar, sem negligenciar a sólida formação científica em cada ramo do saber, deve formar sujeitos autos consciente, capazes de se adaptarem ao novo e à mudança, e de irem incorporando ao longo das suas vidas novos conhecimentos e saberes.
Psicologia da educação a teoria behaviorista; desde que surgiram as teorias behavioristas, diversas foram às contribuições dessa abordagem para a compreensão da aprendizagem. Dentre as estas influências pode-se citar a concepção de que todo conhecimento provém da experiência, sendo o ambiente o fator determinante dos processos de desenvolvimento e aprendizagem. Pois para essa teoria, o comportamento humano se enquadra numa dimensão estímulo reposta. Desta forma, no behaviorismo o homem é produto do processo de aprendizagem entre o meio em que vive (estímulos) e seu comportamento (respostas).
Assim a aprendizagem é definida como sendo a modificação do comportamento ou aquisição de novas respostas ou reações. Toda a aprendizagem consiste em condicionar respostas. A aprendizagem oral, da linguagem escrita, por exemplo, são reações apresentadas a vários estímulos devido a certas condições de experiência anterior. A aprendizagem se dá pelo processo de condicionamento: quando se mostra a uma criança uma folha, esta reage fazendo a representação mental do objeto. Se, ao mesmo tempo em que o objeto é mostrado, se disser a palavra “folha” e se repetir esta certo número de vezes, a criança chegará a pensar no objeto apenas por ouvir a palavra. Neste caso aprende a significação da linguagem falada. Mais tarde, pode-se mostrar o objeto enquanto a criança olha a palavra impressa. Tempos depois, o objeto, um retrato do objeto, a palavra falada, escrita ou impressa podem se ligar à palavra, e reagindo aos estímulos simultâneos, a criança chegará a pensar no objeto ao ver a palavra.
Skinner conceitua os reforços como eventos que tornam uma reação mais freqüente, e aumentam a probabilidade de sua ocorrência. Os reforços se classificam em positivos e negativos. Os reforços positivos consistem na apresentação de estímulos, no acréscimo de um evento à situação. Os reforços negativos por sua vez, consistem na remoção de um evento. Nestes dois tipos de reforços, o efeito será o mesmo e a probabilidade da resposta será aumentada.
O reforço positivo se constitui na apresentação de estímulos, no acréscimo de alguma coisa a situação e os reforços negativos é a remoção de alguma coisa da situação. Classificam-se também em primários e secundários. Nos reforços primários a apresentação de estímulos é de importância biológica, e o reforço secundário é a apresentação de um estímulo, que antes era neutro, passa a associar-se a estímulos de importância biológica e sua propriedade reforçada foi adquirida como, por exemplo, o elogio, o sorriso, o dinheiro, etc. O organismo humano seria então, controlado pelas contingências primárias (naturais), e nisso consiste o processo de educação ou treinamento social, isto é, aumentar as contingências de reforço e sua freqüência utilizando-se de sistemas organizados, pragmáticos, que lançam mão de reforços secundários associados aos primários (naturais). A finalidade dessa associação é de obter determinados comportamentos preestabelecidos, seja com maior ou menor rigor. O objetivo do reforço é portanto, tornar uma resposta freqüente, ou seja, evitar a extinção (remoção) de uma resposta do comportamento do sujeito.
A escola direciona os comportamentos dos alunos segundo determinados finalidades social. O conteúdo pessoal será socialmente aceito. Os conteúdos programáticos serão estabelecidos e ordenados numa seqüência lógica e psicológica. É matéria de ensino apenas o que é redutível ao conhecimento observável e mensurável. Em uma abordagem behaviorista (comportamentalista), o professor é considerado transmissor de conhecimento ao aluno e administra as condições da transmissão do conteúdo. Nesta teoria o professor é considerado um planejador e um analista de contingências. O professor deverá decidir os passos de ensino, os objetivos intermediários e finais com base em critérios que fixam os comportamentos de entrada e os comportamentos que o aluno deverá exibir durante o processo de ensino.
A importância da Psicologia no processo educacional é tão evidente quanta polêmica. Não é sem razão que, em dado momento histórico, apenas esta ou aquela abordagem, de acordo com o prestígio alcançado, constitui preferência, às vezes verdadeiro modismo, entre os educadores e ou órgãos oficiais que patrocinam o modelo de educação a ser adotado. O fato é que a formulação de cada abordagem, quer pela concepção de homem que contém, quer pelos pressupostos teóricos adotados ou pelos seus desdobramentos práticos, necessariamente implica uma estrutura de política educacional, um conjunto de objetivos específicos na formação acadêmica e um projeto sociocultural típico. As abordagens psicológicas, nessa perspectiva, são muitas, mas nem todas com repercussão significativa no contexto educacional.
A menção de Freud quanto; à educação, posto que sejam os textos fundadores desta reflexão. No que tange especificamente a esse eixo de análise, é importante assinalar o crescente interesse pelo estudo das relações entre psicanálise e educação, tanto entre educadores, quanto entre psicanalistas. O entrecruzamento desses dois campos de saberes tem uma história marcada por variadas tendências.
Sabemos que estamos vivendo segundo diversos autores das ciências humanas e sociais, um momento em que se verifica uma série de problemas nos atuais processos de subjetivação e nas patologias a eles associadas. Dentre eles, podemos destacar dois: a apatia e a denominada "cultura do narcisismo", na qual se podem observar atos de violência sem qualquer objetivo de transformação ou projeto histórico.
Alusão de Freud à educação; podemos afirmar que, basicamente, as contribuições de Freud à educação dizem respeito primeiramente à transmissão de conhecimento através dos inconscientes. Devemos esclarecer que o Inconsciente é o conceito fundamental da psicanálise, sendo considerado por ele a terceira ferida narcísica da humanidade.  Com esse conceito, podemos nos conceber também como sujeitos do desconhecimento, no qual algo sempre escapa à pretensão de controle consciente.
Outra referência de Freud à educação diz respeito à importância da relação professor-aluno, o que nos leva a pensar na questão da transferência sob o aspecto de um fenômeno que não se passa apenas entre paciente e terapeuta, mas que perpassa todas as relações humanas. Embora o que se passa na escola seja diferente, na psicanálise a transferência constitui seu próprio instrumento de trabalho.
 A contribuição encontrada nos textos freudianos aponta para o papel da educação como auxiliar da sublimação sexual (já que seus argumentos afirmam que a curiosidade intelectual é derivada da curiosidade sexual). Quanto a essa última referência, devemos ter em mente que esse desvio pulsional necessário não deve ser excessivo e chegar a inibir o sujeito do desejo.
O conflito se concentra em três sistemas interativos: Id – opera sob o princípio do prazer; se não for contido pela realidade, procura a gratificação. Ego – opera sob o princípio da realidade; que procura gratificar os impulsos do id de maneiras realistas. Contém nossas percepções, pensamentos, julgamentos e lembranças parcialmente conscientes. É a personalidade executiva. Superego – o superego é uma voz da consciência que força o ego a considerar não apenas o real, mas também o ideal. Seu foco exclusivo é como devemos nos comportar, empenhando-se pela perfeição, julgando ações e produzindo sentimentos positivos de orgulho e negativos de culpa.
 Alguns de seus textos que mencionam a educação são: "Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise" (Freud, 1912), no qual, ao ligar a atividade educativa à capacidade sublimatória e ao se referir às indicações feitas pelos professores de livros a serem lidos, alerta para o risco de os educadores quererem modificar os alunos à sua imagem, tomando para si a função de modelo. "Algumas reflexões sobre a psicologia escolar" (Freud, 1914), no qual afirma que a aquisição de conhecimento depende da relação do aluno com seus professores e seus colegas, numa referência à relação transferencial que faz com eles, enquanto representantes de seus pais e irmãos. Em suas palavras: "... é difícil dizer se o que exerceu mais influência sobre nós e teve importância maior foi nossa preocupação pelas ciências que nos eram ensinadas, ou pela personalidade de nossos mestres" (p. 286). É importante mencionar que o conceito de transferência designa o processo utilizado pelos desejos inconscientes para, não só na relação analítica, repetir nossas experiências infantis vividas, agora, como atualidade.  
Prefácio à juventude desorientada de Aichhorn. (Freud, S. 1969). Nesse texto, ao mencionar a importância do professor para o aluno - posto que aquele pode orientá-lo, servindo como modelo -, Freud aponta para o valor profilático de uma psicanálise para o próprio educador. Este não tem, portanto, que se contentar somente com uma instrução teórica da teoria psicanalítica. "Explicações, aplicações e orientações" em Novas Conferências Introdutórias à psicanálise (Freud, 1933), no qual se refere à tentativa da "educação psicanalítica" procurar um "ponto ótimo" que possibilite "proibição de pulsão" sem "doença neurótica". Freud afirma que cada criança tem seu ponto. Isso nos leva a questionar o valor de uma educação de massa e pré-programada, pois nos parece colocar aí a questão da singularidade. A partir dessa menção, podemos dizer que o professor não tem controle total dos efeitos de suas palavras sobre os alunos. Não saberá o que o aluno fará com aquelas idéias e com o que as associará.
   O encontro entre Educação e Psicanálise pode ser bastante frutífero. Ele tem uma história, que começa nos primeiros escritos de Freud sobre o tema e se estende até textos de psicanalistas e educadores mais contemporâneos.
Acreditamos que esses dois campos podem funcionar como campos teóricos práticos de auto-criação do sujeito. Eles podem ser tidos como práticas poéticas que visam à autonomia humana. Isso, se, por exemplo, a Escola puder ser um espaço de encontro intersubjetivo, no qual transformações podem ser operadas em seu cotidiano. Se a Escola puder se fazer de lugar de passagem até que o aluno comece, ele próprio, a se interrogar. Afirmamos o que foi dito acima, entretanto, sem desconhecer que a Escola, enquanto lugar de aplicação desses saberes, é também um lugar de reprodução do instituído, na qual questões como as desigualdades entre as classes sociais tendem a se repetir. Afinal, a Escola por si só não pode transformar a sociedade da qual é apenas um elemento. Ela depende também de políticas públicas efetivas e concretas do Estado.

Finalmente, é possível concluir que, além de ser um lugar de informação do conhecimento e, nesse sentido, comprometida com as diversas formas de dominação, a Escola pode ser também lugar de transmissão e, de certa maneira, espaço criativo de sujeitos singulares.  O que é mais importante nesse conjunto de relações entre as contribuições deixadas pelo Behaviorismo e a Psicanálise à Educação; são a responsabilidade e eficiência do mestre em lidar com a complexidade de que é a humanidade. O desígnio é desenvolver um aluno critico e criativo, auto-suficiente e equilibrado para que possa lidar com as mais distintas situações da vida de maneira positiva, eficiente e com qualidade.





BIBLIOGRAFIA

CARRARA, K. Behaviorismo, Análise do Comportamento e Educação. Introdução à Psicologia da Educação: seis abordagens. Editora Avercamp,  São Paulo, 2004,
FREUD, Sigmund. Algumas reflexões sobre a Psicologia Escolar. Em: Edição Standard das Obras Psicológicas. Rio de Janeiro: Imago, vol XIII,1996. / 1914).
KUPFER, M .C. M. Freud e a educação: o mestre do impossível. São Paulo: Scipione.  1992.
FREUD, S. Prefácio a juventude desorientada. de Aichhorn. In:__. Obras
Completas. Rio de Janeiro. Imago Editores. 1969. v. 19.

FREUD, S. Novas Conferências Introdutórias Sobre a Psicanálise, Imago, Ed. Standard Brasileira, RJ, 1976, vol. XXII.