O QUE SIGNIFICA SER PROFESSOR/PROFESSORA ATUALMENTE?


Mesmo com todas as diversidades/dificuldades para mim é uma ótima profissão, tem que estar sempre em estudo constante está por dentro de tudo que diz respeito à Educação. Significa ser um guerreiro lutando com olhos vedados e mãos e pernas amarradas.
Significa lutar contra longas jornadas de trabalho, classes superlotadas, baixos salários, suportar muito abuso, levar trabalho extra pra casa, não ganhar hora extra e ser, desrespeito, doenças, sucateamento da escola entre tantos outros fatores que debilitam o profissional. Antes o professor era respeitado pela comunidade, hoje, o governo faz campanha na TV para desmoralizá-lo.
Um estudo concluiu que apenas 5% dos melhores alunos do Ensino Médio (identificados pelos resultados no Enem) querem ser professores do Ensino Básico. Paula Louzano, doutora em Educação por Harvard (EUA) diz que é preciso mudar a estrutura da educação para atrair a maioria dessas pessoas (e não apenas 5%). Essa matéria foi veiculada na Folha de S. Paulo no dia 9/06. Talvez os futuros professores – que em sua maioria tiveram notas mais baixas no Enem – se sujeitem à política da remuneração por desempenho, sem perceber as outras variáveis que envolvem o processo educativo. Mas o resultado, para os alunos, continuará a ser catastrófico.
Não, porque na educação formal vários fatores colaboram para a melhoria da qualidade do ensino: desde a infra-estrutura da escola até a dedicação que o/a professor/a tem para a turma (e quantas turmas... quantos turnos... quantos vínculos empregatícios); à presença familiar no processo ensino-aprendizagem; à própria instituição familiar assumindo seu papel; aos valores individuais e sociais vigentes, à dedicação do/a estudante às tarefas escolares, à necessidade de querer aprender etc.. Assim, pensar que, simplesmente remunerando o professor/a de acordo com seu desempenho para, como simples passe de mágica, resolver o problema da educação no Brasil seria terrível.
Remuneração digna, valorização profissional e do ser humano, ai sim, poderia ser um passo entre tantos, da longa caminhada coletiva e de cada um/uma para reverter o quadro atual.
A valorização do professor não está vinculada ao seu salário, mesmo sendo este o motivo que impulsiona toda e qualquer manifestação. É preciso recuperar a dignidade desse profissional que está sem moral na sociedade.
A sua formação continuada deve acontecer para que assegure sua função de formador de opinião. É preciso rever os direitos adquiridos dos alunos e o papel do professor e sua cidadania profissional. Somente uma reforma substanciada poderá resolver o problema. Dinheiro não resolve!
É necessário observarmos o tipo de sociedade em que vivemos, com ansiedades e necessidades geradas principalmente pela mídia, que coloca as pessoas com características mais influenciáveis, em uma situação de competição cujos objetivos voltam-se totalmente para o dinheiro, e tudo o que se quer é ganhar mais dinheiro.
Creio ser realmente, esta uma medida possível de dar resultado, mas não isoladamente. É bom nos lembrarmos que a educação é usada como plataforma política, e isso impedem que os professores públicos possam cobrar dos pais a participação necessária para melhorar os desempenhos das crianças.
Pasmem! Quem ainda não sabe, em algumas escolas públicas não se pode ao menos pedir para os responsáveis encapar os cadernos dados pelo governo. No ano corrente, aconteceu um caso em que a professora, na reunião de responsáveis, entregou os cadernos e pediu que estes fossem encapados, com qualquer papel que tivessem em casa, sabem o que aconteceu?
O responsável por uma das crianças, foi até a sala da direção reclamar da atitude da professora, a diretora, então, disse à mãe, que poderia deixar o caderno com ela pois não precisava se preocupar que o caderno seria encapado.
Por estas e outras, afirmo, não é só o dinheiro que vai fazer a qualidade da educação melhorar, a situação em que está à educação é precária, por motivos bem mais profundos do que o salário. Não há empenho em algumas escolas, digo algumas, porque tenho certeza que cada escola é uma e têm problemas diferentes.
Existe direção de escola que é capaz de dizer com todas as letras, que nós não temos alunos, temos cliente. A partir de uma declaração tão desastrosa, o professor que tem juízo, e que não quer sofrer retaliações, torna-se um capacho do aluno e dos responsáveis.
Creio, senhores, que o meu sentimento não é só meu, é da maioria dos colegas, que estão percebendo o quanto à profissão está deteriorada. É preciso atentar para os gestores, sem uma gestão moderna nada mudará. O problema é estrutural.
Não é fácil dirigir uma escola, agüentar certos desfechos, aturar problemas, se qualificar para estar sempre atualizado, enfim, fazer tudo de uma rotina disciplinar de um professor. O professor não deve melhorar o seu desempenho profissional apenas por remuneração, e sim, valorizando tudo aquilo que ele aprendeu, sabe e domina.
Muitos batalharam e batalham ainda para alcançar um patamar, e um dos fatores, para alcançar isto, é se qualificando de verdade, dando alma para a sua profissão. Dinheiro é importante, sim; mais do que isso é a prova de capacidade e conhecimento que o professor tem e o prazer que ele tem de ensinar.
Isso gera respeito e reconhecimentos futuros. Não somente de alunos, mas de todos. Acredito que é o início para a solução de inúmeros problemas na área.