DOUTRINA DO PECADO (Hamartiologia)


I. ORIGEM DO PECADO

A. DEFINIÇÃO DE PECADO

Podemos partir da seguinte definição: pecado é deixar de se conformar à lei moral de Deus, seja em ato, seja em atitude, seja em natureza. O pecado é aqui definido em relação a Deus e sua lei moral. Inclui não só atos individuais, como roubar, mentir ou cometer homicídio, mas também atitudes contrárias àquilo que Deus exige de nós. Percebemos isso já nos Dez Mandamentos, que não só proíbem ações pecaminosas, mas também atitudes errôneas: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem cousa alguma que pertença ao teu próximo” (Êx 20.17). Aqui Deus especifica que o desejo de roubar ou cometer adultério é também pecado aos olhos dele.

B. A ORIGEM DO PECADO

De onde veio o pecado? Como ele penetrou no universo? Primeiro, precisamos afirmar claramente que Deus não pecou e não deve ser culpado pelo pecado. Foi o homem quem pecou, os anjos quem pecaram, e nos dois casos o fizeram por escolha intencional e voluntária. Culpar a Deus pelo pecado seria blasfemar contra o caráter de Deus. “Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto” (Dt 32.4). Abraão pergunta com verdade e força nas palavras: “Não fará justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25). E Eliú diz com justiça: “Longe de Deus o praticar ele a perversidade, e do Todo-Poderoso o cometer injustiça” (Jó 34.10). De fato, para Deus é impossível sequer desejar a injustiça: “Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13).

C. A DOUTRINA DO PECADO HERDADO  


Como o pecado de Adão nos afeta? As Escrituras ensinam que herdamos o pecado de Adão de dois modos.

1. Culpa herdada:

Somos considerados culpados por causa do pecado de Adão. Paulo explica os efeitos do pecado de Adão da seguinte maneira: “Portanto [...] por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim [...] a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). O contexto mostra que Paulo não está falando dos pecados que as pessoas efetivamente cometem no dia-a-dia, pois todo o parágrafo (Rm 5.12-21) trata da comparação entre Adão e Cristo.

2. Corrupção herdada:

Temos uma natureza pecaminosa por causa do pecado de Adão. Além da culpa legal que Deus nos imputa por causa do pecado de Adão, também herdamos uma natureza pecaminosa como conseqüência do pecado dele. Essa natureza pecaminosa herdada é às vezes denominada simplesmente “pecado original”, e às vezes, mais precisamente, “poluição original”. Uso, em vez disso, o termo “corrupção herdada”, pois parece exprimir com mais clareza a idéia em vista.
a. Na nossa natureza, carecemos totalmente de bem espiritual perante Deus. Não é certo dizer que algumas partem de nós são pecaminosas, e outras puras. Antes, cada parte do nosso ser está maculada pelo pecado — o intelecto, as emoções e desejos, o coração (o centro dos desejos e dos processos decisórios), as metas e motivos e até o corpo físico. Diz Paulo: “Sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum” (Rm 7.18) e “para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas” (Tt 1.15).
b. Nos nossos atos, somos totalmente incapazes de fazer o bem espiritual perante Deus. Essa idéia está ligada à anterior. Não só em nós, pecadores, falta o bem espiritual, mas também a capacidade de fazer qualquer coisa que agrade a Deus, e ainda a capacidade de nos aproximar de Deus por nossas próprias forças. Paulo diz que “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8). Além disso, a respeito de dar fruto para o reino de Deus e fazer o que lhe agrada, diz Jesus: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). De fato, os descrentes não são agradáveis a Deus, senão por outra razão qualquer, simplesmente porque seus atos não advêm da fé em Deus e do amor por ele, e “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6). Paulo, falando da época em que seus leitores eram descrentes, diz-lhes que estavam “mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora” (Ef 2.1-2). Os descrentes estão num estado de servidão ou escravidão ao pecado, pois “todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34). Embora, do ponto de vista humano, as pessoas possam ser capazes de fazer o bem, Isaías afirma que “todas as nossas justiças, [são] como trapo da imundícia” (Is 64.6; cf. Rm 3.9-20). Os incrédulos nem sequer são capazes de compreender corretamente as coisas de Deus, pois “o homem natural não recebe os dons [lit. “coisas”] do Espírito de Deus, pois lhe são insensatez, e não consegue compreendê-los, pois só se pode discerni-los espiritualmente” (1Co 2.14 rsv mg.). Tampouco podemos nós nos aproximar de Deus por nossas próprias forças, pois diz Jesus: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (Jo 6.44).
Mas se nos vemos em total incapacidade de fazer qualquer bem espiritual aos olhos de Deus, então será que ainda temos alguma liberdade de escolha? Sem dúvida aqueles que estão alheios a Cristo ainda tomam decisões voluntárias — ou seja, decidem o que querem fazer, depois agem. Nesse sentido, existe afinal algum tipo de “liberdade” nas decisões que as pessoas tomam. Porém, em virtude da sua incapacidade de fazer o bem e fugir da sua rebeldia fundamental contra Deus e da sua preferência fundamental pelo pecado, os descrentes não têm liberdade no sentido mais importante do termo — ou seja, a liberdade de agir corretamente e de fazer o que é agradável a Deus.
A aplicação disso à nossa vida é bastante óbvia: se Deus dá a alguma pessoa o desejo de se arrepender e confiar em Cristo, ela não deve se demorar nem endurecer seu coração (cf. Hb 3.7-8; 12.17). Essa capacidade de se arrepender e desejar ter fé em Deus não é naturalmente nossa, mas vem pela atuação do Espírito Santo e não dura para sempre. “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 3.15).

D. PECADOS REAIS QUE COMETEMOS

1. Todas as pessoas são pecadoras perante Deus.

As Escrituras em muitas passagens dão testemunho da pecaminosidade universal da humanidade. “Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Sl 14.3). Diz Davi: “À tua vista não há justo nenhum vivente” (Sl 143.2). E diz Salomão: “Não há homem que não peque” (1Rs 8.46; cf. Pv 20.9).
No Novo Testamento, Paulo tece uma extensa argumentação em Romanos 1.18-3.20, mostrando que todas as pessoas, tanto judeus como gregos, apresentam-se culpados perante Deus. Diz ele: “Todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.9-10). Ele está certo de que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). Tiago, o irmão do Senhor, admite: “Todos tropeçamos em muitas coisas” (Tg 3.2), e se ele, que era apóstolo e líder da igreja primitiva, admitiu que cometia muitos erros, então também nós devemos nos dispor a admiti-lo. João, o discípulo amado, que era especialmente íntimo de Jesus, disse:
Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós (1Jo 1.8-10).

2. Será que nossa capacidade limita a nossa responsabilidade?

Pelágio, popular mestre cristão que pregou em Roma por volta de 383-410 d.C., e mais tarde (até 424 d.C.) na Palestina, ensinava que Deus responsabiliza o homem só pelas coisas que este é capaz de fazer. Logo, como Deus nos exorta a fazer o bem, temos necessariamente a capacidade de fazer o bem que Deus exige. A posição pelagiana rejeita a doutrina do “pecado herdado” (ou “pecado original”) e sustenta que o pecado consiste somente em atos pecaminosos isolados.
Contudo, essa idéia de que somos responsáveis perante Deus somente por aquilo que podemos fazer contraria o testemunho bíblico, que afirma tanto que estávamos “mortos nos [...] delitos e pecados” nos quais andávamos antes (Ef 2.1) quanto que somos incapazes de fazer qualquer bem espiritual, e também que somos todos culpados diante de Deus. Além do mais, se nossa responsabilidade perante Deus se limitasse à nossa capacidade, então pecadores extremamente empedernidos, sob pesado jugo do pecado, poderiam ser menos culpados diante de Deus do que cristãos maduros que se esforçam diariamente por obedecer-lhe. E o próprio Satanás, que eternamente só é capaz de fazer o mal, estaria completamente livre de culpa — sem dúvida nenhuma uma conclusão equivocada.
A verdadeira medida da nossa responsabilidade e da nossa culpa não é a nossa capacidade de obedecer a Deus, mas antes a perfeição absoluta da lei moral de Deus e a sua própria santidade (que se reflete nessa lei). “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5.48).

3. Será que as crianças são culpadas mesmo antes de pecar efetivamente?

Segundo alguns, as Escrituras pregam determinada “idade da imputabilidade”, antes da quais as crianças pequenas não são responsáveis pelo pecado nem tidas como culpadas perante Deus. Porém, as passagens citadas acima, na seção C, sobre o “pecado herdado”, indicam que mesmo antes do nascimento as crianças já são culpadas perante Deus e dotadas de uma natureza pecaminosa, o que não só lhes confere a tendência ao pecado, mas também faz que Deus as veja como “pecadoras”. “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). As passagens que concebem que no juízo final se considerarão os atos pecaminosos efetivamente cometidos (e.g., Rm 2.6-11) nada dizem sobre o fundamento do juízo nos casos em que não houve atos individuais certos ou errados, como ocorre com as crianças que morrem muito novas. Nesses casos, devemos aceitar as passagens bíblicas que afirmam que temos uma natureza pecaminosa antes do momento do nascimento. Além do mais, precisamos compreender que a natureza pecaminosa da criança se manifesta já bem cedo, certamente nos primeiros dois anos de vida, como qualquer um que já criou filhos pode confirmar. (Diz Davi, noutra passagem: “Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham”, Sl 58.3.).
Mas então o que dizer das crianças que morrem antes de ter idade bastante para compreender e aceitar o evangelho? Será que podem ser salvas?
Aqui só nos resta dizer que, se essas crianças forem salvas, não será pelos seus próprios méritos, nem com base na sua justiça ou inocência, mas inteiramente com base na obra redentora de Cristo e na regeneração operada pela ação do Espírito Santo dentro delas. “Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3).
Todavia, certamente é possível que Deus conceda regeneração (ou seja, nova vida espiritual) a uma criança mesmo antes que ela nasça. Isso aconteceu a João Batista, pois o anjo Gabriel, antes de João nascer, disse: “Ele [...] será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” (Lc 1.15). Podemos dizer que João Batista “nasceu de novo” antes de nascer! (Veja Nota dos Editores no final deste capítulo.) Encontramos exemplo semelhante em Salmos 22.10, onde diz Davi: “Desde o ventre de minha mãe, tu és meu Deus”. É evidente, portanto, que Deus é capaz de salvar as crianças de um modo incomum, sem que ouçam e compreendam o evangelho, concedendo-lhes regeneração bem cedo, às vezes antes mesmo do nascimento. É provável que imediatamente depois dessa regeneração surja, em idade bastante precoce, uma consciência incipiente e intuitiva de Deus e a fé nele, mas isso é algo que simplesmente não podemos entender.
Devemos, entretanto, afirmar bem claramente que essa não é a maneira normal de Deus salvar as pessoas. A salvação geralmente ocorre quando a pessoa ouve e compreende o evangelho, e então passa a ter fé em Cristo. Mas em casos incomuns como o de João Batista, Deus concede salvação mesmo antes dessa compreensão. E isso nos leva a concluir que é certamente possível que Deus também o faça ao saber que a criança morrerá antes de ouvir o evangelho.
Quantas crianças Deus salva dessa forma? Como as Escrituras não nos dão resposta para isso, simplesmente não temos como saber. Quando a Bíblia cala, não é sensato fazer declarações taxativas. No entanto, devemos reconhecer que Deus, nas Escrituras, freqüentemente salva os filhos daqueles que crêem nele (ver Gn 7.1; cf. Hb 11.7; Js 2.18; Sl 103.17; Jo 4.53; At 2.39; 11.14(?); 16.31; 18.8; 1Co 1.16; 7.14; Tt 1.6). Essas passagens não mostram que Deus automaticamente salva os filhos de todos os crentes (pois conhecemos filhos de pais piedosos que, crescendo, rejeitaram ao Senhor, e as Escrituras nos dão exemplos, como Esaú e Absalão), mas indicam realmente que a conduta habitual de Deus, seu modo “normal” ou esperado de agir, é aproximar de si os filhos dos crentes. Com respeito aos filhos dos crentes que morrem muito novos, não temos razão para pensar de outra maneira.
Especialmente relevante aqui é o caso do primeiro filho que Bate-Seba deu ao rei Davi. Depois da morte da criança, disse Davi: “Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim” (2Sm 12.23). Davi, que ao longo da sua vida exibiu grande confiança de que viveria para sempre na presença do Senhor (ver Sl 23.6 e muitos dos salmos de Davi), também acreditava que voltaria a ver seu filhinho depois de morrer. Isso só pode implicar que ele estaria com o seu filho na presença do Senhor para sempre.  Essa passagem, ao lado de outras mencionadas acima, deve servir igualmente como garantia, para todos os crentes que perderam filhos pequenos, de que um dia os verão novamente na glória do reino celeste.
Com respeito aos filhos dos descrentes que morrem em idade muito tenra, as Escrituras se calam. Simplesmente devemos deixar a questão nas mãos de Deus, confiando na sua justiça e misericórdia. Se forem salvos, não será com base em algum mérito próprio, nem na inocência que lhes possamos atribuir. Se forem salvos, será com base na obra redentora de Cristo; e sua regeneração, como a de João Batista antes do nascimento, será pela misericórdia e graça de Deus. A salvação sempre vem em virtude da misericórdia divina, e não por causa dos nossos méritos (ver Rm 9.14-18). As Escrituras não nos permitem dizer nada além disso.

4. Existem graus de pecado? Serão alguns pecados piores do que outros?

A pergunta pode ser respondida de modo afirmativo ou negativo, dependendo do sentido que se lhe dê.
A. Culpa legal. No tocante à nossa posição legal perante Deus, qualquer pecado, mesmo aquilo que nos pareça um pecado leve, torna-nos legalmente culpados perante Deus e, portanto, dignos de castigo eterno. Adão e Eva aprenderam isso no jardim do Éden, onde Deus lhes disse que um só ato de desobediência resultaria na pena de morte (Gn 2.17). E Paulo afirma que “o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação” (Rm 5.16). Esse único pecado tornou Adão e Eva pecadores perante Deus, já incapazes de permanecer na santa presença divina.
Essa verdade permanece válida durante toda a história da raça humana. Paulo (citando Dt 27.26) a confirma: “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da Lei, para praticá-las” (Gl 3.10). E Tiago declara:
Qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas vêm a ser transgressor da lei (Tg 2.10-11).
Portanto, em termos de culpa legal, todos os pecados são igualmente maus, pois nos fazem legalmente culpados perante Deus e nos constituem pecadores.
b. Conseqüências na vida e no relacionamento com Deus. Por outro lado, alguns pecados são piores do que outros, pois trazem conseqüências mais danosas para nós e para os outros e, no tocante ao nosso relacionamento pessoal com Deus Pai, provocam-lhe desprazer e geram ruptura mais grave na nossa comunhão com ele.
As Escrituras às vezes falam de níveis de gravidade do pecado. Estando Jesus diante de Pôncio Pilatos, disse ele: “Quem me entrega a ti maior pecado tem” (Jo 19.11). A referência é aparentemente a Judas, que convivera com Jesus durante três anos e, no entanto, deliberadamente o traía entregando-o à morte. Embora Pilatos tivesse autoridade sobre Jesus em virtude do seu cargo no governo, mesmo sendo errado permitir que um homem inocente fosse condenado à morte, o pecado de Judas era bem “maior”, provavelmente por causa do conhecimento bem maior e da malícia associada e esse conhecimento.

5. O que acontece quando um cristão peca?

a. Nossa posição legal perante Deus fica inalterada. Embora esse assunto pudesse ser abordado adiante, juntamente com a adoção ou a santificação dentro da vida cristã, convém certamente abordá-lo aqui.
Quando o cristão peca, sua posição legal perante Deus permanece inalterada. Ele ainda assim é perdoado, pois “já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). A salvação não se baseia nos nossos méritos, mas é dádiva gratuita de Deus (Rm 6.23), e a morte de Cristo sem dúvida nenhuma expiou todos os nossos pecados — passados, presentes e futuros; Cristo morreu “pelos nossos pecados” (1Co 15.3), sem distinção. Em termos teológicos, conservamos assim nossa “justificação”. 2 4 
b. Nossa comunhão com Deus se interrompe e nossa vida cristã se prejudica. Quando pecamos, ainda que Deus não deixe de nos amar, ele se desgosta conosco. (Mesmo o homem pode amar alguém e ao mesmo tempo se desgostar com esse alguém, como qualquer pai pode confirmar, ou qualquer esposa, ou qualquer marido.) Paulo nos diz que os cristãos podem entristecer “o Espírito de Deus” (Ef 4.30); quando pecamos, lhe causamos pesar e ele se desgosta conosco. O autor de Hebreus nos lembra que “o Senhor corrige a quem ama” (Hb 12.6, citando Pv 3.11-12) e que o “Pai espiritual [...] nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade” (Hb 12.9-10).
c. O perigo dos “evangélicos não convertidos”. Embora o cristão genuíno que peca não perca a sua justificação ou adoção perante Deus (ver acima), convém deixar bem claro que a mera associação a uma igreja evangélica, a mera conformidade exterior aos parâmetros “cristãos” de conduta esperados, não garante a salvação. Especialmente em sociedades e culturas em que para as pessoas é fácil (ou mesmo natural) ser cristão, existe a possibilidade real de que alguns que na verdade não nasceram de novo entrem na igreja. Se essas pessoas acabam cada vez mais revelando desobediência a Cristo na sua conduta, não devem se deixar iludir acreditando que ainda contam com justificação ou adoção na família de Deus.

6. Qual é o pecado imperdoável?

Várias passagens bíblicas falam de um pecado que não será perdoado. Jesus diz Mt 12.31-32, e Mc 3.29; cf. Lc 12.10. Essas passagens talvez falem do mesmo pecado, talvez de pecados diferentes; para decidir, é preciso fazer um exame das passagens dentro dos seus contextos.

O CASTIGO DO PECADO

Embora o castigo divino do pecado funcione realmente como elemento inibidor contra novos pecados e como alerta àqueles que o testemunham, não é essa a razão principal pela qual Deus pune o pecado. A razão primeira é que a justiça de Deus o exige, para que ele seja glorificado no universo que criou. Ele é o Senhor que pratica “misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor” (Jr 9.24).
O Problema do Pecado, desde Adão e Eva, o pecado tem corrompido nosso mundo e manchado nossas vidas. Deus ofereceu aos homens inúmeras oportunidades para serem limpos do pecado, mas as pessoas, egoístas, concupiscentes, continuam pecando. O problema é tão difundido que Paulo afirmou: "Pois todos pecaram e carecem da gloria de Deus" (Romanos 3:23) e "...assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Romanos 5:12). Na verdade, aqui temos um problema.
A Culpa do Homem Pelo Pecado
O mais completo argumento da Bíblia sobre o assunto da culpa humana é encontrado nos capítulos da abertura do livro de Romanos. Paulo principia com a mensagem do evangelho da salvação para os judeus e gentios (Romanos 1:16). O fato que os homens precisam de salvação implica em que eles estão perdidos, separados de Deus pela barreira do pecado (veja Isaías 59:1-2). Paulo desenvolve sua tese muito claramente, começando pelos gentios e então voltando para os judeus.
Paulo disse que os gentios eram culpados porque tinham fechado seus olhos à evidência da existência e justiça de Deus. Eles não glorificavam a Deus, em vez disso adoravam a criatura antes que o Criador (Romanos 1:25). Tal rejeição da pessoa de Deus levou rapidamente à rejeição de seus princípios: "Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames, porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo em si mesmos a merecida punição do seu erro" (Romanos 1:26-27). Não somente tais pessoas começaram a praticar o homossexualismo, mas também acrescentaram malícia, avareza, homicídio, desobediência aos pais e vários outros pecados dignos de morte (Romanos 1:28-32). É com tristeza que vemos este antigo cenário sendo repetido hoje em dia. Numa época em que a evolução nega a existência de Deus, religiões politeístas e místicas estão se tornando crescentemente proeminentes e homens estão defendendo como "normal" toda a perversão da lei de Deus, desde a desonestidade à homossexualismo e ao adultério.
Pessoas religiosas, freqüentemente, acham muito fáceis condenar tais horríveis pecados. Mas Paulo não parou depois de definir o mal dos gentios. Ele imediatamente voltou sua atenção para aqueles que deveriam ser considerados o povo mais espiritual de sua época, os judeus. Estes descendentes de Abraão conheciam a lei e aborreciam a carnalidade dos gentios. Mas seriam eles melhores por isso? Paulo não deixou espaço para auto-justificação quando se voltou para os judeus e perguntou: "Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Pois, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa" (Romanos 2:23-24).
Finalmente, Paulo mostrou que os dois grupos gentios e judeus tinham uma coisa em comum: "Pois todos pecaram e carecem da gloria de Deus" (Romanos 3:23). Muitas outras passagens ilustram este ponto e, muito significativamente para nós, demonstram claramente nossa própria culpa. Se todos pecaram, então eu tenho pecado. Eu o desafio a ler as passagens do Novo Testamento que relacionam os pecados, considerando cuidadosamente sua própria vida. Dê uma olhada cuidadosa a 1 Coríntios 6:9-11; Gálatas 5:19-21; Efésios 5:3-7; Colossenses 3:5-11; 2 Timóteo 3:1-5 e Apocalipse 21:8. Toda pessoa honesta e responsável perceberá, por estas passagens, que está condenada pelo pecado. Quando Deus relaciona tais pecados, está claramente pronunciando nossa culpa. Fazer o que Deus proibiu é pecado (1João 3:4). Não fazer o que ele exigiu é pecado (Tiago 4:17). A conseqüência do pecado é a eterna separação de Deus (Romanos 6:23; 2 Tessalonicenses 1:8-9). Eu tenho pecado. Você tem pecado. Necessitamos do perdão misericordioso de Deus.


A Culpa dos Pecadores e a Inocência das Crianças
Não é fácil encarar nossa culpa. Algumas pessoas têm feito esforços dramáticos para minimizar esta culpa. Dois esforços destes merecem nossa atenção.
1. O esforço para redefinir o pecado. "Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!" (Isaías 5:20). Algumas pessoas, por exemplo, defendem a mentira comum que o comportamento homossexual é um resultado incontrolável da genética, em vez de uma decisão de pecar. Deus, que criou o homem e projetou a genética da reprodução, disse que o comportamento homossexual é desobediência à sua vontade (Romanos 1:26-27; 1 Coríntios 6:9-11). Outros definem o pecado divulgando o mito amplamente aceito de que "todos" têm relações sexuais antes do casamento. Muitas igrejas emprestam seu apoio à imoralidade sancionando casamentos que Deus não autorizou e recusando identificar claramente e condenar qualquer forma do pecado (1 Tessalonicenses 5:21-22). Deus, através de Jeremias, falou dos falsos mestres que davam um falso sentido de segurança, deixando de pregar as terríveis conseqüências do pecado: "Como, pois, dizeis: Somos sábios, e a lei do Senhor está conosco? Pois, com efeito, a falsa pena dos escribas a converteu em mentira... Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz" (Jeremias 8:8,11).
2. A afirmação de que herdamos a culpa pelo pecado. Se a herdei, não é minha falta. Muitas igrejas ensinam que a mancha do pecado é herdada, assim removendo a responsabilidade do pecador e atirando-a nas costas dos seus ancestrais, e por aí a fora até Adão. Para defender esta idéia, eles freqüentemente apelam para tais passagens poéticas como o grito por misericórdia de Davi, cheio de remorso, no qual ele se sentia tão longe de Deus que era como se nunca o tivesse conhecido (Salmo 51:5). Enquanto o contexto está claramente falando da própria culpa de Davi por causa de seu adultério com Bate-Seba e o assassinato de Urias, há quem tente usar esta passagem para negar outras claras afirmações da Escritura. Por exemplo, Deus disse: "A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará à iniqüidade do pai, nem o pai a iniqüidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este" (Ezequiel 18:20). Jesus nunca ensinou que as crianças fossem pecadoras. Em contraste, ele disse que precisamos tornar-nos como crianças para entrar no reino do céu (Mateus 18:3-4; 19:14). Estará ele dizendo que precisamos tornar-nos pecadores para entrar no reino? Certamente que não! Precisamos tornar-nos humildes e sem pecado como crianças inocentes para entrar no seu reino. Meu pecado não é falta dos meus pais, ou avós, ou Adão e Eva. Meu pecado é minha falta!
Conclusões Doutrinárias e Práticas
Um entendimento correto da doutrina bíblica do pecado nos permitirá evitar muitos erros perigosos na doutrina e na prática. Pense nestas implicações dos fatos bíblicos que temos examinado.
1. Maria não era sem pecado. A doutrina da Imaculada Conceição, junto com idéias relacionadas com ela, como a Perpétua Virgindade de Maria, são meros mitos construídos pelos homens sobre a fundação falsa da doutrina do pecado herdado. Maria está incluída em Romanos 3:23 ("Todos pecaram") justamente como eu estou. Ela nasceu pura e inocente. Todos os seus filhos nasceram puros e inocentes. Mas Maria pecou, e todos os seus filhos (exceto um) pecaram. Somente Jesus conseguiu resistir às tentações deste mundo (1 Pedro 2:21-22).
2. Jesus não herdou a mancha do pecado porque nenhuma criança herda o pecado. A pureza de Jesus, quando nasceu, nada tinha a ver com qualquer Imaculada Conceição de sua mãe para quebrar a maldição herdada do pecado. A culpa não é herdada, nem por Jesus, nem por nossos filhos ou netos. É por isto que não existe nenhuma razão bíblica para se batizarem as crianças. A Bíblia nunca ordena isso e não fornece nenhum exemplo de batismo de crianças. A prática de batizar recém nascido é de origem humana, e não de Deus.
3. Eu pequei, e preciso do perdão de Deus. Lembre-se da tese dos primeiros capítulos de Romanos. O evangelho é o poder de Deus para salvar. Os gentios pecaram e por isso precisavam da salvação. Os judeus pecaram, e por isso precisavam do perdão. Todos pecaram. Todos nós precisamos do perdão misericordioso de Deus para escapar da eterna conseqüência de nosso pecado (Romanos 6:23)
4. O homem criou a barreira do pecado; somente Deus pode removê-la. O grito terrível de Paulo em Romanos 7:24 sugere a intransponível barreira do pecado: "Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" Eu criei minha própria situação, mas não tenho poder para libertar-me Precisamente no próximo versículo, Paulo responde sua própria pergunta: "Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor." Todas as boas obras que um homem possa fazer não são suficientes para saldar a dívida do pecado. Somente o sangue de um sacrifício sem pecado poderá fazer isso (Efésios 2:7-9)
Deus quer remover a barreira do pecado e restaurar a camaradagem da qual nos privamos por nosso pecado. Mas ele não nos forçará a voltar. Ele oferece a oportunidade, e temos que responder. Temos que mostrar que o amamos bastante para obedecer a sua palavra (João 14:15,23). Isso significa que admitiremos humilde e voluntariamente nossos pecados e nos afastaremos deles, confessaremos nossa fé em Jesus como o Filho de Deus e permitiremos que ele nos lave desses pecados no batismo (Atos 2:38; Romanos 10:9-10; Atos 22:16; Colossenses 2:11-13).
Depois de tudo o que fizemos contra Deus, que maravilhoso privilégio é que ele ainda nos permita a oportunidade de obedecê-lo e de sermos chamados seus filhos.
"Satã – Sua Origem, Obra e Destino" e "O Estado Original e Queda do Homem", ocupamo-nos com a origem do pecado no universo e também com sua entrada na família humana. Por essa razão estes assuntos não serão tratados neste capítulo.
É muito importante que tenhamos uma compreensão adequada do pecado. Muitos erros modernos a respeito da salvação não podem ser sustentados por aqueles que pensam logicamente, se tiverem uma concepção apropriada do pecado.


 A NATUREZA DO PECADO

O pecado é uma coisa com cabeça de hidra. Ele apresenta diferentes fases. Um tratamento adequado do pecado deve jogar com estas diferentes fases:


 O PECADO COMO UM ATO

Em 1 João 3:4 temos a definição do pecado como um ato. É um transgredir, ou um ir contrário à Lei de Deus.

O PECADO COMO UM ESTADO


Muita gente há que não pode ou não quer ver que o pecado vai mais fundo que um ato manifesto. Um pouco de reflexão mostrará que os nossos atos não são senão expressões dos nossos seres interiores. A pecaminosidade íntima, então, deve preceder os atos manifestos do pecado. As seguintes provas escrituristicas mostram não só que o homem é pecaminoso na conduta como que ele existe num estado pecaminoso – uma falta de conformidade com Deus na mente e no coração:
(1) As palavras hebraica e grega traduzidas por "pecado" aplicam-se tanto a disposições e estados como a atos.
(2) O pecado tanto pode consistir de omissão em fazer a coisa justa como de comissão em fazer a coisa errada.
"Ao que se sabe fazer o bem e o não faz, ao tal é pecado" (Tiago 4:17).
(3) O mal se atribui a pensamentos e afetos.
Gênesis 6:5; Jeremias 17:9; Mateus 5:22,26; Hebreus 3:12.
(4) O estado da alma que dá expansão a atos manifestos de pecados é chamado pecado, expressamente.
Romanos 7:8,11,13,14,17,20.
(5) Alude-se ao pecado como um princípio reinante na vida.
Romanos 6:21.

 O PECADO COMO UM PRINCÍPIO

O pecado como princípio, é rebelião contra Deus. É recusar fazer a vontade dEle que tem todo o direito de exigir obediência de nós.


II.            O PECADO EM ESSÊNCIA

"Podemos seguir o Dr. E. G. Robinson em dizer que, enquanto o pecado como um estado é dessemelhança de Deus, como um princípio é oposição a Deus e como um ato é transgressão da Lei de Deus, sua essência é sempre e em toda a parte egoísmo" (Strong, Systematic Theology, pág. 295).
O pecado pode ser descrito como uma árvore de vontade própria, tendo duas raízes mestras: uma é um "não" para Deus e Seus mandamentos, a outra é um "sim" para o Eu e interesses do Eu. Esta árvore é capaz de dar qualquer espécie de fruto no catálogo dos pecados. O egoísmo está sempre manifesto no pecador na elevação de "algum afeto ou desejo inferiores acima da consideração por Deus e Sua Lei" (Strong). Não importa a forma que o pecado tome; acha-se sempre ter o egoísmo por sua raiz. O pecado pode tomar as formas de avareza, orgulho, vaidade, ambição, sensualidade, ciúme, ou mesmo o amor de outrem, em cujo caso outros são amados porque são tidos como estando de algum modo ligado ao Eu ou contribuindo para o Eu. O pecador pode buscar a verdade, mas sempre por fins interesseiros, egoísticos. Ele pode dar seus bens para alimentar o pobre, ou mesmo o seu corpo para ser queimado, mas só por meio de um desejo egoísta de gratificação carnal ou honra ou recompensa. O pecado, como egoísmo, tem quatro partes: "(1) Vontade própria, em vez de submissão; (2) ambição, em vez de benevolência; (3) justiça própria, em vez de humildade e reverência; (4) auto-suficiência, em vez de fé" (Harris).
Para prova do fato que o pecado é essencialmente egoísmo, insistimos nas seguintes considerações:
(1) Na apostasia dos últimos dias está dito que "homens serão amante de si mesmos" e também "amantes dos prazeres antes que amantes de Deus" ( 2 Timóteo 3:2,4).
(2) Quando se revelar "o homem do pecado", ele será o que "se exaltará contra tudo o que se chama Deus" ( 2 Timóteo 2:4).
(3) A essência da Lei de Deus é amar a Deus supremamente e aos outros como a si mesmo.
O oposto disso, o supremo amor de si mesmo, deve ser a essência do pecado. Mateus 22:37-39.
(4) A apostasia de Satã consistiu na preferência de si mesmo e de sua ambição egoística a Deus e Sua vontade.
Isaías 14:12-15; Ezequiel 28:12-18.
(5) O pecado de Adão e Eva no jardim surgiu de uma preferência de si mesmo e de sua autogratificação a Deus e Sua vontade.
Eva comeu do fruto proibido porque ela pensou que isso daria a sabedoria almejada. Adão participou do fruto porque ele preferiu sua esposa a Deus. E a razão porque ele preferiu sua esposa a Deus é que ele concebeu sua esposa como contribuindo mais do que Deus para a sua autogratificação.
(6) A morte de Abel por Caim foi incitada pelo ciúme, o qual é uma forma de egoísmo.
(7) O egoísmo é a causa da impenitência do pecado.
Deus mandou que todos os homens se arrependam em toda a parte. Recusam os homens fazer isso porque preferem seus próprios caminhos à vontade de Deus.
Vemos, então, que o pecado não é meramente um resultado do desenvolvimento imperfeito do homem: é uma perversidade da vontade e da disposição. O homem nunca a sobrepujará enquanto ele estiver na carne. A regeneração põe um entrave sobre ela, mas não a destrói. Nem o pecado é mero resultado da união do Espírito com o corpo: o espírito mesmo é pecaminoso e seria apenas tão pecaminoso fora do corpo como no corpo se deixado no seu estado natural. Satanás não tem corpo e, contudo é supremamente pecaminoso. Nem o pecado é mera finitude. Os anjos eleitos no céu são finitos e, contudo estão sem pecado. Os santos glorificados ainda serão finitos e, no entanto não terão pecado.

A UNIVERSALIDADE DO PECADO NA FAMÍLIA HUMANA

Todos os homens, salvos por única exceção o Deus – homem, Cristo Jesus nosso Senhor, são pecaminosos por natureza e expressam essa pecaminosidade interior em transgressão deliberada tão cedo atinjam a idade de responsabilidade. Este fato está provado:

 A NECESSIDADE UNIVERSAL DE ARREPENDIMENTO, FÉ E REGENERAÇÃO.
Lucas 13:3; João 8:24; Atos 16:30-31; Hebreus 11:6; João 3:3,18.

 A EXTENSÃO DO PECADO NO SER HUMANO
As Escrituras ensinam que a extensão do pecado no ser humano é total. Isto é o significado de depravação total.

 A DEPRAVAÇÃO TOTAL CONSIDERADA NEGATIVAMENTE

A depravação é um assunto muito mal entendido. Por essa razão precisamos entender que a depravação total não quer dizer:
 Que o homem por natureza está inteiramente privado de consciência.
Até mesmo o pagão tem consciência. Romanos 2:15.
Que o homem por natureza está destituído de todas aquelas qualidades que são louváveis segundo os padrões humanos.
Jesus reconheceu a presença de tais qualidades num certo homem rico (Marcos 10:21).
Que todo homem está disposto por natureza para toda forma de pecado.
Isto é impossível, porquanto algumas formas de pecado excluem outras. "O pecado de sumiticaria pode excluir o pecado de ostentação; o de orgulho pode excluir o de sensualidade" (Strong).
Que os homens são por naturezas incapazes de se comprometer em atos que são extremamente conformes com a Lei de Deus.
Romanos 2:14.
Que os homens são tão corruptos como podiam ser.
Eles podem piorar e pioram. 2 Timóteo 3:13.
Esta depravação total não quer dizer que a depravação é total no seu grau. Ela tem que ver com a extensão somente.

 A DEPRAVAÇÃO TOTAL CONSIDERADA POSITIVAMENTE.

A depravação total quer dizer que o pecado permeou cada faculdade do ser humano assim como uma gota de veneno permeia cada molécula de um corpo de água. O pecado urdiu cada faculdade no homem e assim ele polui todo ato seu.
(1) Prova de depravação total.
A. O homem está depravado na Mente. Gênesis 6:5.
B. No coração. Jeremias 17:9.
C. Nos afetos, de maneira que o homem é oposto a Deus. João 3:19; Romanos 8:7.
D. Na consciência. Tito 1:15; Hebreus 10:22.
E. Na palavra. Salmos 58:3; Jeremias 8:6; Romanos 3:13.
F. Depravado da cabeça aos pés. Salmos 1:5,6; Isaías 1:6.
G. Depravado ao nascer. Salmos 51:5; 58:3.

(2) O efeito da depravação total.

A. Nenhum resquício de Bem Fica no Homem por Natureza. Romanos 7:18.
B. Portanto, o Homem, por Natureza, não pode sujeitar-se à Lei de Deus ou Agradar a Deus. Romanos 8:7,8.
C. O homem, por Natureza, está Espiritualmente Morto. Romanos 5:12; Colossenses 2:16; 1 João 3:14.
D. Logo, Ele não pode Compreender as Coisas Espirituais. 1 Coríntios 2:14.
E. Daí, Ele não pode, até que se vivifique pelo Espírito de Deus, voltar do Pecado a Deus em Piedoso Arrependimento e Fé. Jeremias 13:23; João 6:44,65; 12:39,40.
A base da depravação e da inabilidade espiritual jaz no coração. Ele é enganoso e irremediavelmente perverso (Jeremias 17:9). Do coração vêem as saídas da vida (Provérbios 4:23). Ninguém pode tirar uma coisa limpa de uma contaminada (Jó 14:4). Daí, nem a santidade nem a fé podem proceder do coração natural. As boas coisas procedem de um bom coração e as más de um coração mau (Mateus 7:17,18; Lucas 6:45).










REFERENCIA BIBLIOGAFICA



GRUDEM Wayne. Teologia Sistemática. Ed Vida Nova


LANGSTON, A.B. Esboço de Teologia Sistemática, JUERP, Rio de Janeiro 2000