A REALIDADE DA MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA


A MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA

O que poderíamos denominar de missão ou mitos na missão integral da Igreja? Após relativa pesquisa e análise cuidadosa deste assunto, chegamos à conclusão que dois pontos resumiriam bem o mito de missão integral da Igreja.
O primeiro deles estaria relacionado a um debate que perdura já algum tempo na igreja evangélica mundial e na brasileira em particular, a saber, a polarização entre evangelização e a responsabilidade social da Igreja. O segundo mito estaria diretamente ligado à dicotomia humana, isto é, o ser humano considerado em partes separadas ao invés do todo.
Polarização Teológica; que evangelização e responsabilidade social são verdades bíblicas para a Igreja de Jesus Cristo não há dúvida, ou pelo menos não deveria haver.


[...] “Felizmente, a consciência social da igreja brasileira hoje parece ser maior do que algumas décadas atrás. Entretanto, se por um lado a Igreja vem melhorando em sua visão social, por outro, ainda não amadureceu tanto em sua concepção de missão integral, justamente porque ao se discutir prioridades (estamos falando apenas de evangelização e ação social) a igreja deixa de fazer bem uma e outra coisa [...][1]  ”. (NEILL, 1997, p. 145).



Estamos denominando de evangelização e responsabilidade social, respectivamente, o papel de comunicar por palavras, e comunicar por obras de misericórdia e justiça as boas novas a respeito de Jesus Cristo. Entendemos que os ministérios e dons do Espírito Santo são meios através dos qual a graça de Deus, instrumentalista as comunidades de Jesus Cristo a fim de revelar Deus a todas as pessoas. Evangelização e responsabilidade social devem andar juntas como causa e efeito de uma mesma verdade evangélica. Com isso não queremos dizer que evangelização e ação social devam ser entendidas como sendo a mesma coisa. Por outro lado, também não estamos assegurando que sejam duas coisas diametralmente separadas.


[...] "Um ministério integral verdadeiro define a evangelização e a ação social como funcionalmente separadas, mas relacionalmente inseparáveis e necessárias para um ministério integral da igreja[2] " [...] (YAMAMORI, 1998, p. 14).



Não se deve pensar a evangelização apenas como a comunicação de algumas verdades bíblicas, mas como um engajamento dentro das diversas situações em que as pessoas vivem. Seria uma transmissão da Palavra de Deus com a responsabilidade de externar o amor de Deus através de ações concretas, cuidado, ensino, acompanhamento pessoal etc. A proclamação se tornaria um instrumento de libertação completa, desde os conflitos espirituais com as forças do mal, até os conflitos sociais que oprimem e alienam o indivíduo.

[...] “Na prática, como aconteceu no ministério público de Jesus, estas duas realidades (evangelização e ação social) são inseparáveis, pelo menos nas sociedades livres, e raramente teremos de optar entre uma e outra. Em lugar de estarem em competição, elas se sustentam e fortalecem mutuamente, numa espiral ascendente de preocupação crescente [3] ”[...]  (STOTT, 1983, p. 23).


Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar os seus interesses pela justiça e pela reconciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explora. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusiva.
Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos as parte do nosso dever cristão.

[..]  "A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta. Evangelização e responsabilidade social são partes integrantes da missio Dei, portanto, inseparáveis e indispensáveis na missão integral da Igreja de Jesus Cristo no mundo e para o mundo ” [4][...] (DAY, 2000, p. 213).


Façamos, a seguir, uma rápida apresentação de dois grandes movimentos que contribuíram negativamente para o distanciamento da Igreja de sua missão integral.


[1] NEILL, Stephen, História das Missões. 2ª edição. São Paulo: Edições Vida Nova. 1997
[2]  (YAMAMORI, Johannes, 2001, p. 14). A índole missionária da igreja. Vida Nova

[3] STOTT, 1983, p. 23). John R.W. O cristão em uma sociedade não cristã. Niterói: Vinde, 1989.

[4] Day,  Jackson Narrativas Bíblicas do Velho Testamento, Socep, SP 2000